quarta-feira, 9 de abril de 2014

Por favor, cuide da Mamãe, Kyung-sook Shin

untitled

Quando ela a repreendia, quase sempre você a chamava de Mamãe. A palavra “Mamãe” é familiar e esconde um apelo: por favor, tome conta de mim. Por favor, pare de gritar comigo e faça um afago na minha cabeça; por favor, fique do meu lado, tenha eu razão ou não. Você nunca deixou de chamá-la Mamãe. Mesmo agora que ela desapareceu. Quando você chama “Mamãe”, quer acreditar que ela está bem de saúde. Que está forte. Que não se incomoda com nada. Que Mamãe é a pessoa que você tem vontade de chamar toda vez que se desespera com alguma coisa nessa cidade.

                                                                                    (Por favor, cuide da Mamãe, p. 24)

Eu tinha vontade de ler este livro desde que ele foi lançado no Brasil. A capa é bonita, a autora é sul-coreana e a temática familiar me interessou. Com o desafio de volta ao mundo em 80 livros, tive mais um incentivo e finalmente pude lê-lo.

O livro é sobre Park So-nyo, uma senhora, mãe de cinco filhos, que desaparece na estação de metrô de Seul. Enquanto tentam achá-la, seus filhos e seu marido relembram de como era a relação entre eles e das coisas que disseram para ela ou que deveriam ter dito.

É uma história um pouco melosa, cheia de arrependimento, culpa e amor. Mas é extremamente real e identificável, o que faz a breguice quase inerente ao tema maternidade se tornar bem aceitável e tocante e não simplesmente barata ou forçada.

A narrativa do livro é feita de forma diferente. Cada capítulo tem o ponto de vista de um membro da família e alguns destes usam a segunda pessoa para tratar do personagem principal no capítulo em questão (como no trecho acima). Apesar de ter entendido que o uso do “você” seja para dar maior identificação com os personagens, não acho que seja tão necessário assim, ou não sei se eu entendi tão bem o motivo o capítulo no ponto de vista do irmão mais velho é em terceira pessoa, e não sei por que é diferente dos outros.

A leitura é rápida e agradável, mesmo tendo momentos tristes e um tom trágico. Você entra rapidamente na história e sai querendo saber mais dos personagens mas sem sentir que faltou algo no livro. Fiquei com vontade de ler mais literatura coreana. Editoras, por favor, tragam mais livros assim para nós.

Avaliação final: 4/5

Um comentário:

  1. Também não entendi muito bem qual é a do "você"... E também fiquei com vontade de ler mais literatura coreana :)

    ResponderExcluir