terça-feira, 24 de junho de 2014

Juliet, Naked, Nick Hornby

Juliet, Naked

They had flown from England to Minneapolis to look at a toilet. The simple truth of this struck Annie when they were actually inside it: apart from the graffiti on the walls, some of which made some kind of reference to the toilet’s importance in musical history, it was dank, dark, smelly and entirely unremarkable. Americans were very good at making the most of their heritage, but there wasn’t much even they could do here.

                                                                                                          (Juliet, Naked, p. 1)

Duncan é fanático por Tucker Crowe, cantor obscuro, recluso e que não aparecia no cenário musical há muitos anos. Annie, companheira de Duncan há quinze anos, costumava lidar bem com a obsessão, mas uma viagem aos Estados Unidos para ver lugares relacionados à carreira de Tucker e o lançamento de Juliet, Naked, novo CD de demos do artista, a faz se perguntar se não desperdiçou todo esse tempo com o relacionamento seguro e morno deles.

Annie se sente cansada com a vida sem grandes emoções que leva, mas não sabe como mudá-la. A cidade pacata de Gooleness, onde ela mora, não parece oferecer boas opções de mudança. E então, depois de escrever uma resenha criticando Juliet, Naked para mostrar para Duncan que ela é melhor que ele, Annie recebe um e-mail de Tucker Crowe, que não é nada do que os fãs deles esperavam que fosse. E as coisas começam a mudar para todos.

É muito bom ler algo de um autor querido depois de tanto tempo sem ler algo dele. Tenho dado preferência a ler autores novos, mas a verdade é que é confortador ir de volta para os velhos conhecidos, ainda mais quando eles estão aguardando anos na sua estante para serem lidos. Dá um pouco de medo do livro ser uma decepção, e em parte Juliet, Naked foi um pouquinho decepcionante, mas no final o saldo do livro foi positivo.

O começo foca em Duncan e em Annie e no relacionamento que cada um tem com Tucker Crowe. Duncan é um personagem típico de Nick Hornby: acha que música é a coisa mais importante do mundo, julga os outros pelos gostos culturais e acha que sabe tudo o que se pode saber sobre as coisas que ele gosta. Gostei bastante dele e de Annie como personagens no começo e da sua dinâmica juntos, eles são engraçados e interessantes.

Mas aí chega o Tucker Crowe como personagem. Eu, incapaz de ler direito sinopses de livros, nem sabia que ele apareceria na história desse jeito, fiquei surpresa e continuei achando engraçado. Porém, aos poucos, o tom cômico quase inocente de que eu tinha gostado tanto vai desaparecendo. É claro que ainda há situações engraçadas e a narração é sempre bem-humorada, como é esperado em um livro do Nick Hornby, mas a magia das primeiras páginas sumiu. O que eu estava achando incrível se tornou só legal.

Eu achava que tinha mais coisa para ser explorada em Duncan, mas ele vai dando lugar a Tucker e passa a ficar quase sempre no pano de fundo. Seus sentimentos são explorados, mas de modo um pouco raso e preguiçoso. Não é que Tucker seja a ruína do livro, eu gostei de ter o ponto de vista do artista tão venerado que tem plena consciência dos malucos que o idolatram e inclusive acho esse um dos pontos fortes do livro. Mas quanto mais Tucker aparece, mais o livro vai ficando sentimental. O que também não é uma surpresa tratando-se de Nick Hornby, então não me deixou tão decepcionada.

Annie é o que une tudo no livro, e, como eu já disse antes, é uma personagem interessante. No entanto, me peguei várias vezes me perguntando se achava suas ações coerentes e se acreditava que ela passaria quinze anos ao lado do insuportável-como-pessoa-porém-legal-como-personagem Duncan. Eu li o livro inteiro e ainda sinto que não a conheço tão bem quanto deveria.

Para concluir, devo dizer que Juliet, Naked é uma leitura rápida e envolvente, como os outros livros do Hornby que eu li. Apesar da decepção por ter gostado tanto do começo, toda a história continua valendo a pena.

Avaliação final: 3,5/5

2 comentários:

  1. Mais uma vez leio sua resenha e percebo que já não lembro direito do livro. Mais um para a lista de releituras...

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  2. Sinto uma coisa muito parecida com a que você sente: sempre tento ler autores novos (meu Deus, é tanta coisa para ler nessa vida!), mas às vezes é tão bom voltar para aqueles que a gente já conhece e sabe - mais ou menos - o que esperar, rs.

    Do Hornby só li o bom e velho Alta Fidelidade, mas acho que precisava ler outros dele! Achei a sinopse interessante!

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