quinta-feira, 26 de junho de 2014

Os livros que devoraram meu pai, Afonso Cruz

Os livros que devoraram meu pai

Uma biblioteca é um labirinto. Não é a primeira vez que me perco em uma. Eu e meu pai temos isto em comum. Penso que foi o que lhe aconteceu. Ficou perdido no meio das letras, dos títulos, perdido no meio de todas as histórias que lhe habitavam a cabeça. Porque nós somos feitos de histórias, não é de DNA e códigos genéticos, nem de carne e músculos ou pele e cérebro. E sim de histórias.

                                                                          (Os livros que devoraram meu pai, p. 24)

Tem uma tag de livros que pergunta: livro curto ou longo? Eu ainda não respondi essa tag, e achava que diria livro longo, porque pode dar preguiça, mas é mais fácil de se envolver e acaba sendo mais marcante — para o bem ou para o mal. Os livros curtos são legais, mas às vezes eu sinto falta de mais desenvolvimento. Mas Os livros que devoraram meu pai é curto e desenvolvido na medida certa.

A história é sobre Elias Bonfim, cujo pai desaparece dentro das páginas de um livro. Elias então vai procurá-lo, lendo os livros da biblioteca de seu pai para encontrá-lo. Quando não está lendo, ele conversa e ouve histórias chinesas de seu amigo Bombo ou pensa em Beatriz, a garota mais bonita da escola.

Eu não tinha prestado atenção nesse livro até minha irmã pegá-lo na biblioteca, então não tinha grandes expectativas. Mas, como adoro livros sobre livros, fiquei bem curiosa para ler. E foi uma experiência muito agradável, que me lembrou bastante de O livro selvagem, tanto pela temática quanto pelas sensações que as leituras me causaram.

Os livros que devoraram meu pai é uma gracinha — com a exceção do final, um pouco chocante, mas não ruim. E do Elias, que é um péssimo amigo. A diagramação é fofa, as ilustrações são fofas, as letras usadas no título do capítulo são fofas, o Bombo é fofo… 

É um livro infanto-juvenil curto e simples, e a simplicidade nesse caso é um ponto positivo. A história poderia ter sido mais desenvolvida, mas o enredo de viajar dentro dos livros não é dos mais criativos, então ficou na medida certa, de forma que as duas partes — a “fantasiosa” e a fora dos livros — são igualmente exploradas sem faltar coisa. Ou melhor, deixando alguma coisa para o leitor, porque, afinal de contas, ele deve ser devorado pelo livro também.

Avaliação final: 4/5

Nenhum comentário:

Postar um comentário