segunda-feira, 7 de julho de 2014

Razão e sentimento, Jane Austen

Razão e sentimento

— Não acredito — disse a sra. Dashwood com um sorriso bem-humorado — que o sr. Willoughby venha a ser incomodado pelas tentativas de qualquer de minhas filhas para fisgá-lo. Não é empresa para a qual tenham sido educadas. Os homens estão seguros em nossa companhia, por mais ricos que sejam. (…)

                                                                                               (Razão e sentimento, p. 55)

Quando vi que a Jane Austen seria a escolhida do Volta ao mundo em 12 livros, fiquei dividida. Primeiro achei uma escolha muito clichê. Mas depois pensei que era uma boa oportunidade de conhecer a obra desse autora tão conhecida e famosa  — e de quem, para ser sincera, eu nunca fui com a cara. Estava pronta para conhecer Elizabeth Bennet e Mr. Darcy e descobrir se eu ia amá-los ou odiá-los, até que… não tinha Orgulho e preconceito na biblioteca. Então acabei lendo Razão e sentimento.

O livro conta a história da família Dashwood, focando nas filhas Elinor e Marianne. As duas estão em idade de se casar, mas não querem fazer isso por dinheiro, e sim por amor. Depois que o pai delas morrem, elas acabam conhecendo novas pessoas e… Eu ia falar algo clichê agora, tipo “vivendo um grande amor”, mas fora isso não acontece nada demais.

E esse é o maior problema do livro. Não acontece quase nada. E tem quatrocentas páginas! Quatrocentas páginas de draminhas, visitas a pessoas de quem as irmãs não gostam, Elinor reprovando o comportamento de Marianne, as duas pensando como todo o resto do mundo é inferior a elas, porque só elas têm cultura… E aí, nas últimas dez páginas, tudo se resolve muito rápido e de um jeito que eu não aprovei. Talvez, se o livro tivesse umas cem páginas a menos, eu teria gostado mais.

O ritmo de leitura acabou ficando assim: eu lia uns três capítulos com vontade, aí lia uns que me faziam querer desistir/ acabar logo com esse livro, depois lia mais alguns interessantes, então tinha uma sequência super maçante… Bem irregular, mas pelo menos concluí a leitura.

Vi alguns elementos que tanto elogiam na Jane Austen nesse livro, mas não na quantidade que eu esperava — talvez por serem coisas sutis, talvez por questão de gosto. Gostei das partes com o irmão das Dashwood pela ironia, porém não achei tão sensacional assim. Tantos autores falam sobre a importância do dinheiro na sociedade, gente gananciosa e tal, até Moll Flanders, que é bem anterior a Razão e sensibilidade, explora o tema.

Fiquei em dúvida em relação às protagonistas: é para a gente torcer por elas? Marianne foi criada para ser detestável mesmo, também é uma personagem irônica? Porque eu realmente não gostei dela. Também não torci pela Elinor, por ela ser muito esnobe, mas infelizmente, no fundo eu tenho bastante em comum com ela, principalmente nos defeitos.

Sobre a Jane Austen retratar bem a época: sim, ela provavelmente retrata. Mas eu sou obrigada a gostar dela por isso? Não posso achar a vida dessa época um saco, um tédio? Uma coisa que me deixa brava no mundo literário é como muita gente se sente obrigada a idolatrar o cânone e por isso olha feio para quem não gostou, como se essa pessoa fosse mais burra por isso — é possível que eu seja mesmo, mas não é esse o ponto. Não estou falando que as pessoas gostem de Jane Austen só para pagar de cult, mas às vezes me sinto meio mal quando não gosto de um livro importante. E eu sei que isso é questão de gosto, então eu não devia me sentir mal. Pronto, fim do desabafo.

Agora, uma observação triste. Esse é o quarto livro que eu leio para a Volta ao mundo. E o quarto livro que não me anima. Dei nota 2,5 para todas as leituras do projeto até agora, mesmo quando li autores de quem gosto. Se isso não é falta de sorte, eu não sei o que é…

Avaliação final: 2,5/5

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário