quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Ciranda de pedra, Lygia Fagundes Telles

Ciranda de pedra

Virgínia pôs-se a assobiar baixinho (…) Olhou pensativamente a unha do polegar roída até à carne. A verdade é que Bruna e Otávia estavam muito bem sem ela. “E nem pedem para ver a mãe, faz mais de um mês que não aparecem. E a mãe está pior. Bruna diz que é castigo. Conrado diz que é mesmo doença, mas Otávia não diz nada. E Luciana?” Voltou-se para a empregada e ficou a observá-la.

                                                                          (Ciranda de pedra, p. 27)

Ciranda de pedra é outro livro da série minha-irmã-pegou-na-biblioteca-então-eu-decidi-ler-também. Nunca tinha lido nada da Lygia Fagundes Telles antes, e nem sabia sobre o que era esse livro. Eu poderia dizer que terminei a leitura satisfeita, mas a verdade é que terminei com a sensação de decepção, porque não gostei do final. Mas, considerando o todo, gostei muito do livro.

Ciranda de pedra conta a história de Virgínia. Na primeira parte, ela é criança. Seus pais se separaram, ela mora com a mãe, que é doente, e com Daniel. As irmãs dela moram com o pai. Virgínia se sente isolada, sozinha e confusa, sem poder falar sempre com a mãe e não sendo convidada para sair com as irmãs. Na segunda parte, ela é uma jovem adulta que volta para a casa da família. Lá, enxerga as mudanças nos membros da sua família e entende melhor suas relações com eles.

Bom, demorei um pouco para entrar no livro. A narração é intensa e já põe o leitor dentro da história desde o começo. Depois de um tempo passei a entender a situação, e é incrível como dá para entrar na mente da Virgínia, de um modo que se começa a sentir as mesmas coisas que ela. A segunda parte me decepcionou um pouco. Não achei tão fácil entrar no livro de novo, não consegui me conectar tão bem com essa Virgínia mais velha. Continuei gostando bastante, mas não tanto quanto do começo. E aí chegou o final.

Ah, a decepção… Fico um pouco dividida em falar mal do final porque acho que é assim que deveria ter sido. Mas acontece que foi rápido demais; em um momento a Virgínia pensa em uma coisa, depois ela tem uma epifania que não aparece completamente para o leitor — pelo menos na minha interpretação — e pronto, fim do livro. Se o final tivesse sido mais desenvolvido, eu teria gostado mais dele, eu acho.

Mesmo assim, adorei conhecer a narrativa da Lygia Fagundes Telles e fiquei curiosa para ler mais da obra dela. Ciranda de pedra teve seus altos e baixos durante a leitura, mas vale a pena conhecer, especialmente quem gosta de livros com alta densidade psicológica.

Avaliação final: 4/5

Um comentário:

  1. Também preferi a parte com a Virgínia criança e me decepcionei com o final. Você precisa ler "As meninas", o estilo psicológico é parecido.

    ResponderExcluir