segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Meus 15 anos, Luiza Trigo

Meus 15 anos

Ninguém sabe o tema do aniversário. Na verdade, não sabem de nada! É segredo e continuará assim até o dia da festa. Exceto o local, é claro! Tenho certeza de que vou surpreender a TODOS. Escondi o tema até das minhas amigas (e madrinhas) que vão participar da dança surpresa. Os ensaios da coreografia começam esta semana de qualquer jeito. Falta pouco mais de um mês, e temos que correr atrás para conseguir decorar a música inteira a tempo! Só de pensar meu estômago revira. Queria tanto que a festa fosse no próximo fim de semana…

Eu disse no meu comentário de As valentinas que não pretendia ler Meus 15 anos, mas a verdade é que eu continuava muito curiosa para lê-lo. Não compraria o livro, mas o leria com prazer se ele caísse nas minhas mãos. E, por uma questão de sorte, ele acabou caindo. Minha irmã ganhou um sorteio e escolheu esse livro. Como eu queria uma leitura leve e rápida depois de passar dias com Grande sertão: veredas, o livro da Luiza Trigo acabou sendo a minha escolha.

O livro é sobre a festa de quinze anos de Bia. Acompanhamos os preparativos, a própria festa e o que acontece depois pelos olhos de várias pessoas: da Bia, de dois de seus amigos, do garoto do qual ela está a fim e da rival dela. Tudo naquela lógica escolar de filme americano, com a panelinha de nerds, que é a da Bia, as garotas malvadas, os populares… Seria interessante se na narração dos personagens eles quebrassem um pouco os estereótipos, mas não é o que acontece, o que os deixa rasos, previsíveis e clichês. Por exemplo, Thiago, o garoto popular de quem Bia gosta, é um cara que só sabe falar em pegar meninas e em futebol, e Jéssica, a rival da protagonista, nem tem motivos para odiar a Bia. Ela simplesmente odeia, porque precisa haver uma antagonista na história.

Esses estereótipos acabam criando um clima maniqueísta, em que Bia e seus amigos são do bem e os outros não. Isso aparece, por exemplo, quando Bia é gentil com pessoas de classe mais baixa que ela (o porteiro, o inspetor da escola, o motorista), enquanto Jéssica os ignora ou diz que não gosta deles. Não acho que tenha sido intenção da autora ter deixado o clima tão separado assim e sei que eu superinterpretei esse aspecto, mas eu acabei reparando nessas pequenas dicotomias, como se Bia representasse o que é certo e Thiago e Jéssica o que é errado.

Quanto à linguagem, que costuma me incomodar nos livros brasileiros para jovens, devo dizer que Meus 15 anos melhorou em relação a As valentinas. Provavelmente por ser um livro de papel, não usou a linguagem digital de hashtags que tinha me incomodado no e-book. Ainda não é uma linguagem que soa natural para mim, mas vou dar um desconto porque não sou uma adolescente carioca e não sei que gírias estão na moda.

A escrita, no geral, também não é uma obra-prima. Alguns trechos pareciam coisas que eu escreveria em uma história, e isso está longe de ser um elogio. Notei também algumas confusões de tempo verbal, uma narração um pouco indecisa se é presente, passado ou futuro, mas não sei se estava errado mesmo ou se eu que não prestei atenção direito.

Mas o fato é que não adianta falar muito mal de Meus 15 anos, porque depois que comecei a ler o livro, não queria mais parar. É bobo, ingênuo, clichê? É. Mas é muito gostoso de ler ao mesmo tempo. Uma pena que eu tenha lido esse mês e não em dezembro, porque o livro se encaixaria plenamente na minha definição de guilty pleasure: eu consigo ver um monte de defeitos, mas a leitura flui tão bem que eu acabo gostando.

Avaliação final: 2,5/5

Um comentário:

  1. Outro dia estava pensando em qual livro lerei pro guilty pleasure. Ultimamente tenho lido tão sem culpa! hehehehe
    Achei essa sua definição muito boa! Vou repensar aqui levando ela em conta! ;)
    Sobre o livro... nesse momento não me interessou muito. Quem sabe um dia?

    Samara - www.infinitoslivros.com

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