segunda-feira, 6 de julho de 2015

O último amigo, Tahar Ben Jelloun

O último amigo

Tânger é como um encontro ambíguo, inquieto, clandestino, uma história que esconde outras histórias, uma revelação que não diz toda a verdade, um ar de família que envenena a sua existência desde que você se afasta; e você sente, então, que tem necessidade dela sem jamais conseguir saber por quê.

Um dos fatores que me fez querer participar do Projeto Volta ao Mundo em 80 livros foi o fato de que minha irmã iria participar também. Assim, preguiçosa como sou, não teria que ir atrás de alguns livros, pois ela os selecionaria por mim. É o caso de O último amigo, do marroquino Tahar Ben Jelloun.

O livro conta a história de Mamed e Ali, amigos desde a infância que se separam graças a Mamed, que não explica o motivo do rompimento — ou melhor, explica, mas não de modo convincente. Vemos a visão de cada um sobre a amizade deles, que nos lembra que narradores em primeira pessoa não são confiáveis e que a memória não é a verdade universal — coisa que a gente esquece com frequência, né? Eu li o primeiro relato acreditando em tudo, e quando li o segundo comecei a estranhar que alguns dados não batiam… Até entender o que o autor queria dizer com isso.

Uma coisa curiosa é que eu acabo me lembrando do Brasil de algum modo lendo a maior parte de livros de países não tão desenvolvidos, se é que posso chamá-los assim. Mamed vai para o exterior, mas sente falta do ar de Marrocos, do jeito que as coisas são. Imagino que me sentiria assim se morasse fora, sentiria saudades até dos defeitos brasileiros. O autor consegue descrever bem Tânger, fazendo o leitor sentir os seus aromas, suas cores e suas imagens e entender a relação dos personagens com a cidade.

Eu não gostei muito do final da história, do motivo pelo qual os amigos se separaram. Achei um pouco forçado, estava esperando outra coisa. O livro é bem curto, com pouco mais de cem páginas, então não dá muito espaço para desenvolver melhor alguns aspectos do enredo. Talvez, se fosse um pouco maior, eu teria aceitado melhor o final. De qualquer jeito, não é um livro me envolveu emocionalmente e provavelmente mesmo se fosse mais longo continuaria sem me emocionar (e talvez eu chegaria a me irritar mais com os protagonistas, porque são homens meio chatos).

Como O último amigo é curto, para o bem ou para o mal, ele tem a vantagem da leitura rápida, mas também tem a desvantagem de ser um pouco esquecível. Para quem se interessou, porém, vale a pena conhecer. 

Avaliação final: 3,5/5

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