sábado, 12 de setembro de 2015

Um gato indiscreto e outros contos, Saki

Um gato indiscreto

Os médicos concordam em me receitar descanso absoluto, total ausência de exaltações mentais e evitar tudo que seja parecido com exercícios físicos violentos”, anunciou Framton, que era vítima da falsa impressão bastante comum de que perfeitos estranhos e recém-conhecidos anseiam por saber os mais ínfimos detalhes de nossas doenças e enfermidades, suas causas e sua cura.

Conheci Saki por um professor da faculdade, que discutiu dois contos do autor em sala. Já disse algumas vezes aqui o quanto eu sou fã de contos, mas também já repeti que a leitura de antologias é mais difícil para mim que a de romances. Portanto, não é nenhuma surpresa que eu tenha começado o livro no ano passado e terminado neste. E nem que eu esteja postando a resenha muito tempo depois de ter terminado o livro. Resenhar livros de contos também não é uma tarefa fácil para mim.

Os contos de Um gato indiscreto e outros contos têm como uma das características principais a mistura de humor e de toques macabros. A sociedade britânica da época, entre o século 19 e o 20, é ironizada com clareza e de forma decidida, mas confesso que não entendi alguns dos contos que focam mais na parte histórica.

Embora algumas histórias sejam previsíveis, os contos do Saki funcionam bem dentro da teoria do conto e, como diria Cortázar, ganham por nocaute. Os contos são bem escritos, o autor usa o mínimo possível de frases para dizer o máximo que ele consegue e já começam a conquistar o leitor a partir das primeiras linhas — claro que isso é subjetivo, especialmente considerando que dizem isso do Poe também e acho os contos dele um saco.

O estilo do Saki me lembra dos contos do Roald Dahl, porque os dois usam ironia e humor negro. Para fãs de contos desse tipo, recomendo a leitura.

Avaliação final: 3,5/5

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